Você não estimula ao preconceito?!

Destaque em matérias de diferentes jornais e presença nos Trending Topics no Twitter, Casey Heynes virou "Zangief Kid" aos olhos de todos quando ergueu e jogou de cabeça no chão um adolescente. Que selvageria, não?



Mas vamos olhar por outro lado: Casey fez isso porque o outro jovem era apenas um dentre aqueles que o maltratava por sua aparência. Ele cansou da violência sofrida e deu um basta! Muito justo, não? Um ícone!

É fácil vibrarmos ao ver o jovem em um acesso de raiva defendendo a si próprio. Fácil criticar o pai do jovem, triste por não ter percebido a violência que atingia o filho e satisfeito por vê-lo tomando uma "atitude". Mas diga aí:

  • Você compartilhava com seus pais todos os problemas que sofria - ainda mais quando acreditava estar errado? Chegou alguma vez a sentir que você ERA errado, simplesmente por ser como era?
"Oh, crianças são cruéis"... crianças são espelhos, isso sim. Espelhos de nossa sociedade, nada amigável.

Não é de hoje que a violência contra quem foge do padrão é vista, isso quando não incentivada. Tampouco é novidade lavarmos nossas almas com a reação do outro à violência, banalizada como nos filmes de Hollywood.

Pense bem: você não estimula jovens ao maltrato, à ofensa e ao preconceito? Mas pense muito bem, porque é fácil, sem perceber na frente deles:

  • Desfazer da espiritualidade alheia, diminuindo a crença do outro;
  • Ofender, no conforto de seu carro, pedestres ou outros motoristas por suas características mais evidentes – sejam mulheres, idosos...;
  • Negar a aceitação de uma pessoa com deficiência intelectual ou qualquer outra em espaço de convivência – e isso não depende exclusivamente de verbalizar essa aversão;
  • Avacalhar pessoas privadas de plenos direitos apenas porque elas exigem uma equiparação;
  • Depreciar outros tipos físicos que não o ideal, sendo todos livres para apreciar o que mais lhe agradar sem imposições ou estímulo à exclusão de pessoas do convívio social.
Difícil mesmo é lembrar a cada momento que todos os adultos inspiram os mais novos. Mesmo que não sejam os pais, familiares ou professores. Ainda que não sejam vizinhos ou celebridades.

Deixar as frustrações, limitações e o próprio revanchismo acumulado pelos tapas da vida para ajudar na educação de uma sociedade melhor, romper esse ciclo é que é complicado.

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